Ainda é noite do lado de fora. A névoa toma conta do visual. Aos poucos, o sol vai surgindo no horizonte. A geada que se formara na grama vai derretendo e a água evaropa. Uma nuvem de fumaça se forma no chão que até lembra fogo.
Do lado de dentro, sentado em sua cadeira de balanço feita de madeira de cedro, o velho gaúcho pita o cigarro de palha enquanto sorve o amargo da manhã. Havia ficado a noite inteira de vigília somente para ver o dia clarear.
Apesar da idade, a saúde do homem é de fazer inveja. Até parece ter melhorado nos últimos anos. Ninguém sabe ao certo quando nem onde ele nasceu, pois naquele tempo não havia o costume de registrar as pessoas. E os dias e os meses eram marcados tão somente pelas quatro estações.
Ele conta histórias desde o tempo da revolução de 1893. Chinga os pica-paus como se ainda existissem. E não se cansa de repetir a aventura da sua mudança para Porto Alegre para trabalhar numa fábrica de tecidos ainda nos primeiros anos do século que começava.
Mas o que mais encanta quem o escuta falar são as desrições que o velho faz das partidas que via do recém-fundado Sport Club Internacional. E narra em detalhes as primeiras vitórias dos alvi-rubros pelos campos da cidade.
----
A história pára por aí, pois o espaço não é o de alongar-se muito na experimentação literária. Mas o que vale é mostrar que o colorado tem história. Que vivemos de batalhas, de vitórias e derrotas, de amargura e felicidade.
Somos colorados. Chegamos no ano do Centenário respeitados tal como o velho gaúcho. Valentes. Gostamos de admirar o terreno conquistado, de sentir o gosto da vida e acima de tudo de nosso próprio ser.
Vamos para um novo capítulo de nossas façanhas. Segue tua senda de vitórias. Está escrito em nosso hino.
----
Queria uma mensagem mais reflexiva pra começar o ano. Escreverei mais sobre o assunto em breve. Essa era mais pra não deixar de começar bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário