domingo, 7 de dezembro de 2008

CAMPEÃO DE TUDO

Tremula, mais uma vez, a bandeira alvi-rubra no topo da América. O gaúcho, com orgulho, empunha o mastro e olha para o horizonte longínquo. O vivente, ao seu lado, diz:

- O campo é todo teu, companheiro. Conquistaste esta terra com teu suor e sangue. Mostraste a todos o teu brio e a tua valentia. Tens merecimento disto tudo. Afinal, agora és o Patrão de todos estes campos.

- A imensidão de meus domínios às vezes me assusta, tchê. Sabes que manter isto tudo não é fácil. O que alenta meu coração é saber que não estou solito nesta campanha. Somos, na verdade, milhões. Depois de mim, muitas e muitas gerações más virão. Isto não se termina nunca.

- Pois estás mais do que certo. São já cem anos que se passaram. E pensar que lá, no começo de tudo, os três irmãos iriam pensar no que iria dar essa cousa toda...

- Eu acho lindo ver isso tudo, tchê. Essas pessoas feliz. A união dessa gente toda. Viver sem um ideal não é viver. E o Colorado representa isso pra muitos. Amigos que se conhecem, amores que se formam. Chega me levantá os pêlo de falar isso.

- Bá, tchê... eu acho que não tem como explicar o que é ser colorado. Chegar até onde chegamos não foi fácil. Anos e anos de amargura. Sem título, sem vitória. Mas agora, mudou. Ganhamos tudo que um time pode ganhar. E do jeito que só poderia acontecer conosco.

- É verdade. A Sula foi pra matar o véio. Tinha muito gaudério falando que já tava pelada a coruja. Mas que nada. Os castelhano vieram pra dar a vida, tchê. A prorrogação foi dramática. Ninguém tinha mais perna pra correr. A gente tava sem o Índio e o Guina, os nossos maiores guerreiros. Foi superação da gurizada mesmo.


- O golito do Nilmar então... aquele bater-rebate pra tudo quanto era lado. Eu acho que ele nem teve tempo de pensar. Meteu a caneta na pelota e correu pro abraço. Foi aquela coisa espontânea, uma loucura.



- Bá, tchê... que lindeza ver o Beira-Rio lotado. Aquela fumaça vermelha no estádido. O povo todo cantando pelo Inter. Pra mim, é como ganhar mais uns anos de vida novamente.]



- É, gaúcho. Depois de uma vitória dessas, te confesso que chega até dar um vazio, sabe. É aquele sentimento de que falta alguma coisa. Ou sei lá... que a emoção foi tão grande que agora precisamos de outra.

- Os companheiros da cidade chamam isso de fissura. Eu acho que nós estamos fissurados pelo Inter...

- Só pode.

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