sábado, 16 de agosto de 2008

16 de Agosto - Um dia sem fim

Ser colorado nunca foi fácil. Para que nasceu na década de 1980, muito pior. Suportar uma adolescência vendo as conquistas do adversário da Azenha, agüentar a gozação dos colegas e amigos e torcer para o próprio time não ser rebaixado era a sina dos anos 1990.

Ficar 4 anos sem vencer um Grenal e 5 sem um título Gaúcho sequer deixou marcas profundas. Tempos difícies, em que nosso controle emocional era posto a risca no intervalo da escola.

Assitir a duas eliminações humilhantes contra o Boca Juniors na Sulamericana e ver o título brasileiro de 2005 perdido no tribunal fez com que muitos perdessem a esperança no futebol, na vida e em si mesmos.

Começava 2006 e voltávamos a Libertadores. Tínhamos um time bom, um treinador contestado e uma torcida receosa. Perder o estadual para o adversário que recém subira da segunda divisão dentro do próprio estádio foi um golpe quase fatal. Parecia mais um ano de sofrimento para o coração alvi-rubro.

Nosso orgulho estava ferido. Nossa auto-estima estava baixa. Já nem sentíamos mais raiva. Era como se a dor não se fizesse mais sentir. Como se nossa existência não fosse mais pautada pela paixão que sentíamos pelo nosso time. Nossa alma estava vazia.

Avançávamos, aos trancos e barracos, na principal competição das Américas. A primeira fase foi fácil. Os advesário eram fracos. Nas oitavas-de-final, um susto diante do Nacional. A classificação indicava a LDU na seqüência. A derrota na altitude de Quito nos assustou. Após a parada para a Copa do Mundo, 45 dias depois o Beira-Rio uníssono levaria o INTER às semi-finais.

Viria o Libertad, time paraguaio, e o pesadelo de 1989 quando fomos eliminados nessa mesma fase em casa. Empate fora, vitória no Gigante. Estávamos na final!

Enfrentar o super-time do São Paulo. Campeão da América e do Mundo. Não seria fácil. Teríamos que jogar recuados, para não perder de muito na primeira e tentar decidir em casa.

Que nada! O filho-da-puta do Abel colocou o time para o ataque. Sóbis guardou duas vezes e o meu INTER humilhou o tricolor paulista em pleno Morumbi.

Ficar uma semana inteira na angústia da decisão. O sono não pegava. Na semana derradeira era quase impossível dormir. Pensava na decisão 24 horas por dia. Seria o jogo das nossas vidas.

Quem diria, Rogério Ceni falhar. O gol de Fernandão e o grito estridente de comemoração. As lágrimas que começavam a escorrer pelos olhos. O gol do Tinga, o empate do São Paulo e as defesas heróicas de Clêmer.

Lembranças que ficam no passado mas vivas em nossas memórias. Tempos em que não nos importávamos com política, economia, o escambau! Nossa vida era simplesmente o INTER.

Nos tornaríamos enfim INTERNACIONAIS. Nada de mais piadinhas, nada de gozação. Escreveríamos com paixão uma página da nossa história.

Obrigado INTER. Obrigado Fernandão, Sóbis, Tinga, Clêmer, Bolívar. Obrigado Abel. Fernando Carvalho.

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